de Patrick D. Odum
Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais”. Jesus lhe disse: “Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Lucas 19:8-9
A Polícia na aldeia de Bidingen, Alemanha, obtiveram um resultado muito além do que esperaram quando publicaram um anúncio num jornal local pedindo que quem tivesse testemunhado um roubo de bicicleta os buscassem. Era para ajudar a investigação deles.
Eles identificaram a bicicleta e o local de onde foi roubado, e mencionaram que a bicicleta valia 400 euros, ou aproximadamente R$1,000. Aparentemente a polícia recebeu pouca resposta direta. Porém, a vítima recebeu uma carta – uma carta do ladrão.
O ladrão não se identificou de qualquer forma, mas ele escreveu que se sentia muito por ter roubado a bicicleta. Ele disse que gostaria de devolver a bicicleta, mas que ele não podia se lembrar onde ele tinha a deixado. Mas ele fez a melhor coisa que podia.
Dentro do envelope, com a carta, a vítima encontrou 400 euros.
Depois que a carta chegou à vítima, o porta-voz da Polícia Gerhard Kreis comentou que o ladrão podia ser “uma pessoa completamente honesta que viu o erro do seu caminho”. E ele acrescentou, “Você ainda os encontra, sabe?”
Ele tem razão. Ainda há – sempre houve, e sempre haverão – pessoas no mundo com bússolas morais confiáveis o suficiente que podem perceber quando se desviaram do seu curso. Mas, tem que ser uma experiência pouco comum para a polícia se deparar com um que escreveria uma carta pedindo perdão a uma vítima – especialmente quando não foi flagrado. E tem que ser menos comum ainda ter um ladrão que ninguém pôde identificar devolver aquilo que ele roubou.
Embora não seja uma palavra que nós usamos muito, o que aquele ladrão fez é chamado restituição. Fazer restituição é indenizar uma injustiça feita a outra pessoa, assumir responsabilidade pela ação injusta e fazer o possível para reparar o dano causado. Não é uma palavra – ou uma idéia – com qual muitos de nós estamos familiarizados porque não é algo que nossa cultura e nosso judiciário prezam. Pense no roubo como exemplo. No nosso mundo, se você roubar, você quebrou uma lei. Se você for pego você é julgado pelo estado em nome do povo, e se você for condenado você passará um tempo na prisão e pode ainda pagar uma multa ao estado. Uma vez que você serviu seu tempo, é dito que você “pagou sua dívida à sociedade”. Companhias de seguros substituem as posses que você tomou da vítima, e o assunto é concluído. As leis do estado foram quebradas, o ofensor foi castigado, e justiça foi realizada.
Exceto que o ladrão não teve a oportunidade de olhar sua vítima no olho, expressar remorso pelo que ele fez, e fazer restituição. Não há nenhuma necessidade disso, nós pensamos, porque o promotor fez o trabalho dele e o juiz fez o dele e a companhia de seguros o dela. O problema com isso é que não leva em conta que um crime como roubar não é só uma ofensa contra “o povo”, mas também uma ofensa contra uma pessoa específica.
Não é de se admirar que tomamos uma atitude parecida em relação ao pecado também. Quando pecamos, nossa tendência é de ver isso como uma violação da lei de Deus. Claro que, não podemos ser punidos o suficiente para pagar pelo nosso pecado, por isso ficamos gratos que Jesus morreu por nós. E quando nós recebermos o perdão de Deus no nome de Jesus, pela graça dEle a dívida é paga. Apreendemos e cremos que é como se aquele pecado nunca tivesse sido cometido.
Eu acredito e estou grato por isso. É verdade que Deus na sua graça “perdoa” pecados por meio do trabalho de Jesus na cruz. Isso é importante, porque eu preciso saber que eu não levo uma dívida em minha relação com Deus. Porém, isso deixa de for a o fato que a maioria, senão todos os pecados que nós cometemos, não são apenas contra Deus. Eles envolvem outros.
Se lembre de Zaqueu? O cobrador de impostos que financiou sua casa grande e estilo de vida opulento cobrando mais impostos do que devia dos seus compatriotas para pagar a Roma? Mas, ele conheceu Jesus, e Jesus foi para a casa dele e comeu com ele. Em algum momento entre a sopa e a sobremesa Zaqueu descobriu que seu prato ficou cheio, mas, foi de graça e perdão. Acontece que Deus também ama os trapaceiros. E quem não estaria alegre ao descobrir isso?
Bem, se você fosse um daqueles que Zaqueu fraudou você não estaria alegre. Você se lembraria, talvez, que foi por causa dele que você perdeu sua casa. Ou talvez sua despensa ficou vazia. Ou talvez seu filho morreu desnutrido na infância. Você não estaria alegre, você estaria bravo, porque enquanto seu estômago rosnava e seus filhos choravam, Zaqueu ainda estaria sentado na casa grande dele, desfrutando da graça de Deus.
É interessante que, antes mesmo que Jesus pode anunciar que o perdão chegou à casa dele, Zaqueu começa fazendo restituição. Ele dá a metade daquilo que ele tem para os pobres – vítimas da injustiça que ele ajudou a criar. Ele devolve dinheiro que ele tomou indevidamente, com juros de 400 porcento. Muitas situações financeiras em Jericó mudaram aquele dia porque Zaqueu entendeu o que pecado é e o que a graça requer.
Deixe-me ser o primeiro a lembrá-lo de que se você pôs sua confiança em Jesus, salvação veio para sua casa também. Pela graça de Deus, e somente pela graça de Deus, você está incluído nas promessas que Deus fez ao povo dele durante milênios. Não duvide isso; agarre esta verdade e se alegre nela!
Mas não se esqueça que pecado – mesmo pecado perdoado por Deus – ainda fere pessoas. Nas vidas de cada um de nós há alguém contra qual nós pecamos ou que nós prejudicamos em nossos momentos mais egoístas. Talvez seja seu marido ou esposa. Talvez seja seus pais, ou seus filhos. Um bom amigo, um colega, um vizinho?
Peça a Deus que Ele abra seus olhos para estas pessoas e lhe ajude a encontrar caminhos para fazer restituição. Nem sempre será dinheiro – na verdade, raramente envolve dinheiro. Porém, há maneiras que você pode devolver o que você nunca devia ter levado, consertar o que você nunca devia ter danificado, e curar feridas que nunca deviam ser abertas. A graça que você recebeu de Deus requer nada menos. Verdadeiro arrependimento, verdadeiro remorso, sempre envolve algum tipo de restituição embora tudo comece apenas com você escrevendo uma carta!
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