de Dennis Downing
Semana passada, postamos uma reflexão que despertou reações em alguns leitores. Foi aquela sobre Mateus 25:31-40 “Quando foi que te vimos?“ Se você não leu ainda, pode seguir o link.
Algumas pessoas questionaram essa idéia de ver Jesus nas pessoas pobres ou excluídas. Alguns lembraram que há assaltantes e outras pessoas com mãs intenções nas ruas. Isso é verdade. Mas, não devemos nos enganar ao pensar que as prostitutas e outros “pecadores” dos dias de Jesus eram do tipo “Hollywood”. Eram pecadores de verdade. Mas, Jesus disse que era justamente para estes que Ele foi enviado. Se quiser, pode acompanhar os comentários na página de Iluminalma no Facebook.
Resolvemos então postar uma segunda reflexão voltada para o mesmo tema. Talvez iremos corrigir alguns mal entendidos, ou, quem sabe despertar mais reações ainda. Não sei. Mas, espero que esta reflexão nos ajude a pensar mais no “outro”, especialmente aquele “outro” para o qual dificilmente olhamos, mas, que nos cerca nas praças e esquinas e debaixo dos viadutos das grandes cidades.
A propósito, o autor deste artigo trabalha com moradores de rua (e entre eles traficantes, prostitutas, e homens e mulheres viciados em todo tipo de droga), num projeto num grande centro urbano há mais de sete anos. Conhece um pouco a realidade dessas pessoas, e conhece tanto a decepção de querer ajudar quem ajuda não quer, e a alegria de ver um ou outro saíndo da dependência química, da violência e da criminalidade. Não é nenhum conto de fadas e nenhum território para se adentrar sem a plena convicção de que Jesus esteja ao seu lado e que é Ele que está lhe chamando para lá. Mas, vale a pena. Esperamos que esta reflexão lhe encoraje a também ajudar aqueles que, muitas vezes, já desistiram de si mesmos. Um que não desistiu deles ainda é Jesus. Se você for ajudá-los estará em boa companhia…
Em Mateus 25:31-46 Jesus pintou um quadro dramático do dia do juízo. Ele falou em toda a raça humana dividida em dois grupos, ambos se aproximando, um por um, cada um por sua vez, do tribunal do julgamente eterno. E de lá, cada um saía, ou para a vida eterna no céu, ou para o sofrimento sem fim no inferno. Havia apenas um critério pelo qual as pessoas estavam sendo julgadas salvas ou perdidas.
Jesus não deu como critério do julgamento a igreja que as pessoas freqüentavam.
Ele não falou em pontos de doutrina.
Ele não falou na concepção deles da autoridade da Bíblia, do louvor autorizado, de dons ou dias, de estrutura eclesiástica ou de premilenialismo.
Jesus deu um único critério que está ao alcance de cada discípulo:
– Como você tratou seu próximo quando ele precisava de você.
Jesus desprezou a importância da sã doutrina ou das Escrituras?
– Não.
– Ele eliminou a importância de práticas bíblicas, da fé ou do arrependimento de pecado?
– Não.
Mas, ele deu um alerta para todos – e sobretudo para os Cristãos.
A doutrina certa na cabeça, a crença certa na hora do batismo,
A presença certa na igreja certa,
A gente pode ter tudo isso e ainda estar longe de Jesus.
Não é isso que Jesus estava dizendo às pessoas condenadas?
“Eu estava aqui, mas você não quis se aproximar.”
“Eu estava ali e você fugiu de mim.”
“Eu clamei e você fez de conta que não ouviu.”
“Eu precisava de ajuda e você deu as costas.”
Alguém escreveu:
Eu estava faminto
– e você formou um grupo para discutir sobre a fome.
Eu fiquei preso
– e você se retirou para a capela e orou por minha libertação.
Eu estava nu
– e na sua mente você debateu a moralidade da minha aparência.
Eu estava doente
– e você se ajoelhou e agradeceu a Deus pela sua saúde.
Eu estava desabrigado
– e você pregou para mim do abrigo espiritual do amor de Deus.
Eu estava só
– e você me deixou para ir orar por mim.
Você parece tão perto de Deus;
– mas, eu ainda estou com muita fome, sozinho e frio.
Há muita coisa boa e certa que nós podemos fazer, mas, que nos deixa cada vez mais distantes de Jesus. Aquilo que às vezes a gente valoriza tanto,
a doutrina certa, a prática certa,
o motivo certo, a igreja certa, etc…
Jesus não tocou em nada disso na sua última pregação.
Ele falou justamente naquilo que as pessoas não viram!
Ninguém dos dois grupos, tanto as ovelhas, como os bodes, tanto os salvos, como os perdidos – ninguém reconheceu Jesus nas pessoas necessitadas.
v.37 “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?
v. 44 “(os malditos) também responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos?’
O que chamou minha atenção nesta passagem, foi justamente o fato de ninguém reconhecer o Mestre no meio da multidão.
Ninguém viu Jesus no rosto do morador de rua, do estrangeiro, do desabrigado, do doente, do preso.
Ninguém viu Jesus.
Mas, ele estava lá.
Compreendemos que Jesus está dizendo que ele estava lá num sentido figurativo.
É como se aquela pessoa fosse Jesus. Ajudando o homem com fome, a família desabrigada, o homem preso, é como se a gente estivesse ajudando Jesus.
Ou será que é só isso?
Será que o próprio Mestre não desce aqui de vez em quando e anda aqui no nosso meio só para ver se alguém o reconhece?
A coisa mais difícil é enxergar Jesus.
Ele está aqui. Mas, nós não o vemos.
Talvez parte do problema é porque nós não estamos buscando.
Não estamos atentos para Jesus no nosso meio.
Pelo menos, não estamos atentos para vê-Lo numa pessoa suja, doente ou mendigando.
Você pode não convidar uma destas pessoas para jantar em sua casa.
Mas, com um quilo de arroz e feijão você pode assegurar que Jesus terá sua janta hoje.
Com um cobertor ou uma camisa e calça que você não usa mais você pode vestir o próprio Rei.
Com uma visita ao hospital você pode garantir que O Senhor se sentirá amado esta semana.
Há muitas pessoas ao nosso redor que precisam de ajuda.
Se temos olhos para ver – lá está Jesus esperando a nossa atenção. Será que O vemos?
Este texto foi extraído da Pregação de Mateus 25:31-46.
Veja também “Quando foi que te vimos?“
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